segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Paguei língua

Tá. Paguei a língua. Confiei todas as minhas fichas e minha experiência em meninos idiotas e disse com toda a certeza que você não iria me dar um pingo de atenção, mas porque raios você tinha que me dar moral? Porque raios você tinha que ficar me encarando com olhos de devoção? Porque raios você tinha que vir como quem não quer nada, e chamar pelo meu nome em tão alto e bom som para que eu ouvisse enquanto sua voz dissipava-se pelas rochas, árvores e todo aquele oceano de árvores no qual eu observava? Não é para você me dar moral, caramba! Você é idiota, esqueceu? Meninos como você não dá bola para aquelas que os gostam. Meninos como você mentem, inventam histórias, ignoram, machucam, fazem meninas bobas criarem blogs.

Só queria que me explicasse pelo amor de Deus, porque é que tinha que segurar minha mão numa sutileza cautelosa e fazer com que meu coração fosse as alturas e todo meu corpo entrasse em um rebuliço de emoções? Porque é que tinha que me causar taquicardia enquanto me acariciava como se eu tivesse sofrido amnésia e tudo que aconteceu tivesse sido esquecido? Olha a situação em que eu me encontro agora, ouvindo músicas românticas e vendo todas as coisas por um lado bonito, um lado que só poemas líricos conseguem descrever. Hoje até a batida em 500 a 1000 vezes por segundo das asas de uma mosca se torna liricamente belo. Hoje um sorvete de morango tem o gosto mágico lírico de morango, e o mundo inteiro está em sua versão lírica.

Você não é normal. As coisas não devem ser assim. Não é pra você agir assim. Quem é que vai fazer eu xingar nomes absurdos? Quem é que vai me fazer ficar encabulada e passar horas escrevendo num blog? Como é que vou atualizar o blog sem nenhuma idiotisse sua pra escrever? Tô pagando língua. E agora me encontro numa situação crítica. Mas olha, isso ainda não acabou. Eu tô de olho em você, mané! Agora me dá licença que eu vou ali, tomar um sorvete de morango e observar as moscas voarem sem motivo algum.

sábado, 9 de outubro de 2010

Funiquito

Tô sentindo um funiquito estranho. Não é de empolgação, não é de afobação, não é de ter feito alguma coisa realmente importante e bela. É um funiquito que me aperta o peito, palpita meu coração e que sussurra fraco a cada batimento: Isso não vai dar certo. Isso não é pra dar certo. Isso NUNCA dará certo. E então suspiro forte tentando expulsar essas palavras de mim enquanto olho para o nada.
Não consigo achar algo para fazer que prenda minha atenção. Na verdade tenho vontade apenas de ficar no computador, esperando que ele apareça, esperando que fale o “Oi” monossilábico de sempre. E entendendo mais uma vez que nunca daria certo.
Até mesmo tentei sair com as amigas para desprender a mente disso tudo, uma noite só das meninas. Tudo para aquietar meu funiquito.
Que inferno, no meio das meninas lá estava ele dizendo em tom grave: eu vou! E não era uma alucinação minha. Eu ainda não estava tão louca assim. Ele estava lá de verdade. E eu poderia muito bem ter ido embora para casa, mas que culpa eu tenho se estava com fome? Que culpa tenho eu se o desejo que me tomou de estar perto foi mais forte? E lá fomos nós todos juntos, e eu tentando fingir por meio de piadas e graças que tudo estava bem. Não, eu tenho que assumir pelo menos uma vez, não estava tudo bem. “ Você tá triste!” Um outro amigo que acabou por ir também me falou. Poxa, será que não consigo esconder mais nada? “ Não, não estou triste! Estou encucada.” A noite vai passando devagar e eu já não consigo discernir se quero ficar ou se quero ir embora. Então ele me encara na fração de segundo em que eu também o encaro. E desvia o olhar com a feição de como se eu tivesse fazendo alguma coisa muita errada. “O que foi? Eu não estou fazendo nada!”, gostaria de ter dito. Espera aí, sou eu que não estou fazendo nada ou é você quem nem está tentando levar esse romance ruim para frente? Escuta aqui , por que é que você faz tanta questão de levar isso pra frente? Tá ficando boba? Cai fora dessa, pô! Se fosse tão simples assim eu já tinha caído fora.
Vontade de sair correndo e correr e correr e correr e correr e correr... até que um romance cheio de adrenalina e gargalhadas insanas felizes me pegasse de repente. Daqueles romances cheios de surpresa, de muita vontade de ficar sempre por perto e pouca vontade de contar mentiras impressionistas. Um amor como o de Amelie Poulain e Nino Quincampoix, tão surpreendente e tão puro e inocente capaz de deixar qualquer um com taquicardia.
Meu funiquito ficou pior quando já voltava pra casa, agora já não conseguia mais respirar sem a incessante voz me dizendo “Isso não vai dar certo”, até que meu celular vibrou no fundo do bolso da minha calça. Era uma mensagem de um número grande e desconhecido: “Promoção celular de dois chips de 199 por 109...” Ah, vai à merda. Fui dormir.